Saiba o que são alergias alimentares, como funciona a legislação e como fazer um bom controle de alergênicos alimentares para crianças.
As alergias alimentares são uma condição muito presente no público infantil.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – ASBAI, aproximadamente 6% dos menores de 3 anos e 8% dos menores de 2 anos são atingidos por alergias alimentares – e é um valor que vem aumentando com o tempo, principalmente devido aos alimentos industrializados e suas grandes quantidades de ingredientes.
Durante a infância, os alimentos que mais podem causar alergias alimentares são leite de vaca, ovo, trigo e soja, geralmente causando alergias transitórias, ou seja, menos de 10% dos casos persistem até a vida adulta.
Já em alimentos como amendoim, nozes e frutos do mar, tendem a ser mais duradouras e, por vezes, duram por toda a vida.
E é por isso que é extremamente importante não só as empresas fazerem um bom controle de alergênicos e informarem corretamente em seus rótulos, como também o Estado fiscalizar e o consumidor entender os rótulos e controlar o consumo.
Por isso, vamos entender mais sobre esse assunto:
Alergênicos alimentares para crianças
Como funciona a legislação?
Anteriormente, já postamos um conteúdo sobre a Legislação de Alergênicos aqui no Brasil.
Essa legislação surgiu a partir de um grupo de mães que pressionavam a Anvisa para que existisse maior divulgação sobre os alergênicos presentes nos alimentos – surgindo, então, a partir daí, o Movimento Põe No Rótulo.
Hoje, a RDC 727/2022 se encontra vigente e contém informações como:
- Requisitos para rotulagem dos alimentos embalados;
- Declaração dos principais alimentos que causam alergias alimentares;
- Advertência sobre presença ou não de lactose;
- Declaração de nova fórmula;
- Advertências relacionadas ao uso de aditivos alimentares;
- Prazo de validade e instruções de conservação;
- Algumas outras informações.
Caso isso não seja cumprido, as empresas podem estar sujeitas a penas presentes na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977.
O que é uma alergia alimentar?
A alergia alimentar é uma resposta imunológica do organismo após a exposição a algum determinado alimento.
Após a exposição à proteína daquele alimento, o corpo a identifica como uma ameaça e “prepara para atacar”, produzindo grande quantidade de células de defesa e causando uma reação física.
As reações de alergênicos alimentares para crianças podem ser leves, como uma simples coceira nos lábios, até reações graves como anafilaxia e até mesmo o óbito.
E não é uma doença que tem cura.
A única forma de evitar que ocorra é justamente evitar as fontes de alergia, ou seja, restringir os alimentos que causam reação alérgica.
Sendo assim, é extremamente crucial que seja feito um diagnóstico seguro com especialistas – médicos, nutricionistas e alergistas – para determinar as substâncias que estão desencadeando a reação e de forma a não haver prejuízos nutricionais para a criança.
Além de prevenir o consumo de tais alimentos, é preciso definir os medicamentos a serem utilizados caso ocorra uma reação alérgica devido a uma exposição acidental – algo que inclusive é muito comum.
Pirâmide Alimentar Infantil
Em 2012, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou a Pirâmide Alimentar infantil, que contém uma recomendação dos principais alimentos a serem consumidos pelo público infantil, considerando fatores nutricionais:
Porém, como se pode ver, vários desses alimentos fazem parte do grupo dos 8 principais alergênicos, como o leite de vaca, o ovo, o trigo e entre outros.
Com isso, os pais acabam tendo dificuldade de saber como substituir o alimento pelo qual seu filho tem alergia de forma a não afetá-lo nutricionalmente.
Então, no artigo “Adaptação da pirâmide alimentar infantil para alergias alimentares“, as autoras propuseram uma alteração na pirâmide alimentar para o público infantil acometido por alguma alergia alimentar e formas de substituir tais alimentos:
Leite de vaca
O leite de vaca se encontra no nível 3 da pirâmide alimentar e é um dos principais alergênicos para o público infantil, podendo causar reações como náuseas, vômitos, coriza, espirros, urticária e entre outras.
Não se pode negar que o leite é um alimento extremamente rico em nutrientes, como cálcio, vitamina A, riboflavina, biotina, zinco, magnésio e entre outros.
Pensando-se no consumo de cálcio, afinal, crianças precisam ingerir, pelo menos, de 800 a 1000 mg de cálcio por dia, pode-se incluir na dieta da criança alimentos como gergelim, brócolis, couve e leite de arroz, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira.
Ovos, peixes e crustáceos
Falando de proteínas, os ovos, peixes e crustáceos são ótimas fontes de proteínas, mas podem causar alergias alimentares severas.
Assim como o leite, eles se encontram no nível 3 da pirâmide alimentar.
Os sintomas de alergia ao ovo podem afetar o sistema respiratório (asma/rinite), gastrointestinal (vômitos, diarreias, dores abdominais), cardiovascular (queda de pressão e choque anafilático) e/ou a pele (urticárias e dermatites).
Os sintomas de alergia a peixes e crustáceos podem incluir vermelhidão na pele, urticárias, dores de cabeça, náuseas e vômitos, broncoespasmos e hipotensão.
Uma forma de substituir a proteína desses alimentos é por meio do consumo de carnes vermelhas, frango e carne suína.
Trigo
Se encontra no nível 1 da pirâmide alimentar e, geralmente no público infantil, tende a ser uma alergia transitória.
Dentre os sintomas, pode-se citar manifestações cutâneas, gastrointestinais e respiratórias.
Para substituí-lo, pode se utilizar alimentos como farinha de arroz, farinha de linhaça, farinha de milho e farinha de mandioca.
Porém, pode ser um grande desafio aos pais, já que o trigo está presente em MUITOS alimentos como pães, bolos, biscoitos, salgados e entre outros.
Conclusão
Essas foram apenas algumas orientações sobre a legislação brasileira com relação à declaração de alergênicos nos rótulos, o que são alergias alimentares e como substituir alguns dos principais alimentos mais nutritivos para uma criança.
Porém, sabe-se que tanto para os pais quanto para as crianças é um processo muito difícil, tanto de diagnosticar, quanto de evitar o consumo e substituir tais alimentos.
Portanto, não deixe de acompanhar conteúdos sobre esse assunto e se informar com profissionais da área para fazer o melhor que puder neste momento.
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